quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Reintroduzindo o caos.


Com “TEOLOGANDO E FILOSOFANDO” pretendo abordar assuntos que se tornaram verdades absolutas quando começaram a fazer parte do senso comum e dos clichês de algumas tribos sociais e, sobretudo religiosas.  O Brasil, um pais onde o sincretismo religioso é imperante, nos proporcionou nos últimos anos uma infinidade de falsas verdades bíblicas, falácias e sofismas, a respeito de Deus e da Sua natureza, a respeito de doutrinas aparentemente bíblicas, a respeito de fé, de sonhos, de vida e de morte, de ética e moral. O Brasil hoje vive nas sombras de uma serie quase infinita de ditados populares que estão sendo confundidos com versiculos biblicos que nunca existiram.

Com este blog pretendo “reintroduzir o caos” no que “não pode ser questionado” enquanto “sagrado” porque relacionado a Deus. Pretendo criticar e destruir as mentiras disfarçadas de verdades, todas as interpretações e as adaptações antropológicas da Bíblia. 

Quando uma pessoa não tem nenhum conhecimento de física quântica, com certeza não se atreva a discutir sobre este assunto com um físico nuclear. Todavia, infelizmente, quando o assunto é a religião ou Deus, qualquer pessoa quer apresentar a própria verdade, até quando ele nunca leu um único versículo bíblico. Por esta razão, misturando kardecismo, catolicismo, doutrinas pentecostais, aberrações teológicas, doutrinas heréticas e lendas metropolitanas, hoje temos aqui no Brasil uma multidão de “teólogos autodidatas” e de “filósofos do obvio”.  Existem pessoas que ficam repetindo há anos a mesma bobagem ouvida por um intelectual, um escritor, um cantor gospel, um pregador, um contador de historias pseudo-bíblicas ou simplesmente um pilantra manipulador de auditório que quer ganhar dinheiro nas costas dos outros.

Eu, enquanto teólogo de verdade, decidi não discutir mais com quem não tem conhecimento sobre assuntos teológicos. Eu hoje exponho os meus pensamentos e as minhas ideias: pronto. O leitor pode ler ou não, refletir, concordar ou jogar fora: nem ficarei sabendo. Este blog não tem proposito evangelístico nem apologético, mas é o desejo, ou melhor, a necessidade de abrir e oferecer um espaço ao pensamento teológico e filosófico: talvez seja, em primeiro lugar, uma necessidade da minha alma.

É engano acreditar que nós somos donos da verdade: eu também não sou. Pior ainda é acreditar que nós podemos ter o controle das nossas vidas: eu já percebi que não tenho nenhum controle sobre os eventos principais da minha existência. Eu gerencio somente o cotidiano. Ninguém conhece a verdade absoluta a respeito de qualquer assunto e ninguém conhece o dia de amanhã. E Deus não demonstra o que acontecerá conosco nas próximas horas, dias, semanas, meses ou anos. Nós não conhecemos o dia da nossa partida nem os acontecimentos futuros referentes à nossa pessoa ou à nossa família. 

E quanto acontece conosco não sempre é algo planejado por Deus (apesar da Sua onisciência), mas pode ser fruto do acaso, das nossas escolhas, das escolhas alheias, do ambiente no qual vivemos, etc... Em outras palavras, a nossa existência depende de infinitas variáveis e nós temos a possibilidade de controlar somente algumas e na maioria das vezes nem completamente. Por isto que a Palavra ensina - para quem quer aprender - que nós devemos descansar em Deus: ninguém é dono da verdade, de si mesmo e do seu destino. Somente Ele conhece o nosso futuro e o que é melhor para nós. Eu já descansei n’Ele, já decepcionei e agora simplesmente vivo como se Ele não existisse, mas ciente que Ele existe: a minha esperança é que um dia um dos dois procurará o outro, pouco me importa quem procurará quem. Neste momento parece que nem eu nem Ele estamos com vontade de bater um papo. 

Fico abismado com a arrogância de quem, misturando doutrinas bíblicas ou pseudo-biblicas e frases de autoajuda, acredita que possa, juntamente com Deus, direcionar a própria vida. Neste caso Deus se torna um empregado que deve necessariamente abençoar o “filhinho amado e mimado” enquanto o mesmo tem “muita fé”. Como se ter fé fosse o passe para ter direito a dinheiro, fama, poder, saúde, bens, e quanto mais. Como se Deus fosse obrigado a realizar os nossos sonhos, porque alguém decidiu que todos os sonhos são de Deus e que é Ele que os coloca nos nossos corações (onde o camarada tirou isto, somente Deus sabe).

Eu entendo que no inicio o homem possa precisar de crenças e opiniões prontas (seja mito seja senso comum), a fim de apaziguar a aflição diante do caos e adquirir segurança para agir. Todavia, depois precisa  que o homem chegue a um ponto no qual ele seja capaz de “reintroduzir o caos” criticando as verdades sedimentadas, abrindo fissuras e fendas no “já conhecido” de modo a alcançar novas interpretações da realidade. Todo conhecimento dado tende a esclerosar-se no habito, nos clichês, no preconceito, na ideologia. 

Estou aqui para “reintroduzir o caos” principalmente na minha vida, com a esperança que algo aconteça e o que neste momento é “sem forma e vazia” possa se tornar novamente o Jardim do Éden. 

Saudações

Nenhum comentário:

Postar um comentário